Desde o Cairo, mais uma boa lição
José Weis
O que está na imprensa...
...já esteve nas ruas.
Europeus em geral, especialmente Portugal e Espanha, jamais resolveram o “trauma” dos 800 anos de domínio mouro na Península Ibérica. Enquanto isso, os Estados Unidos, mesmo na era Obama, não perdeu a mania de ser o xerife do mundo. EUA de olho no desenrolar dos acontecimentos no Egito.
No Cairo, o povo foi às ruas para pedir a cabeça de Hosni Mubarak, na base: “Hosni, pede pra sair!”. Como todo “governo amigo”, enquanto servia ficava. Depois é a velha hipocrisia de plantão, as democracias do mundo passam a apoiar a queda de mais um ditador. E aproveitam para “ensinar o que é democracia”.
Porém, em tempos de WikiLeaks as aparências não enganam mais. Em artigo publicado no Brasil pelo jornal Folha de S.Paulo, caderno Ilustríssima (12/12/2010), Malcolm Gladwell afirma que “A revolução não será tuitada.Os limites do ativismo político nas redes sociais”. Mais uma vez o árabes do Egito, principalmente os jovens, demonstraram ao mundo que não é bem assim.
Todo mundo mete o bedelho na vida dos árabes, por causa do petróleo. Até Livro das Mil e Uma Noites. O argentino Jorge Luis Borges tem um ensaio sobre as omissões puritanas de franceses, alemães e ingleses que não conseguiam assimilar a naturalidade como os contos árabes tocavam o erotismo. Mesmo assim, lembro que, quando criança, me deliciei lendo as Aventuras de Simbad, o Marujo e Ali Babá e os Quarenta Ladrões, em versões adaptadas, é claro.
A herança da cultura árabe é rica em todos os sentidos. Aliás, por isso eu também teria algo contra eles, rodei em Matemática na primeira série do Ginásio. Lembro que me fizeram ler O Homem que Calculava, de Malba Tahan. Outra vez os árabes.
A propósito, neste domingo exemplo, italianos – em especial as mulheres - foram às ruas, começou: “Berlusconi, pode esperar, a tua hora vai chegar!” Os árabes continuam a ensinar o mundo.