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domingo, 13 de fevereiro de 2011

Os árabes, sempre eles.

Desde o Cairo, mais uma boa lição 

José Weis

 

O que está na imprensa...


...já esteve nas ruas.

Europeus em geral, especialmente Portugal e Espanha, jamais resolveram o “trauma” dos 800 anos de domínio mouro na Península Ibérica. Enquanto isso, os Estados Unidos, mesmo na era Obama, não perdeu a mania de ser o xerife do mundo. EUA de olho no desenrolar dos acontecimentos no Egito.




No Cairo, o povo foi às ruas para pedir a cabeça de Hosni Mubarak, na base: “Hosni, pede pra sair!”. Como todo “governo amigo”, enquanto servia ficava. Depois é a velha hipocrisia de plantão, as democracias do mundo passam a apoiar a queda de mais um ditador. E aproveitam para “ensinar o que é democracia”.
Porém, em tempos de WikiLeaks as aparências não enganam mais. Em artigo publicado no Brasil pelo jornal Folha de S.Paulo, caderno Ilustríssima (12/12/2010), Malcolm Gladwell afirma que “A revolução não será tuitada.Os limites do ativismo político nas redes sociais”. Mais uma vez o árabes do Egito, principalmente os jovens, demonstraram ao mundo que não é bem assim. 
Todo mundo mete o bedelho na vida dos árabes, por causa do petróleo. Até Livro das Mil e Uma Noites. O argentino Jorge Luis Borges tem um ensaio sobre as omissões puritanas de franceses, alemães e ingleses que não conseguiam assimilar a naturalidade como os contos árabes tocavam o erotismo. Mesmo assim, lembro que, quando criança, me deliciei lendo as Aventuras de Simbad, o Marujo e Ali Babá e os Quarenta Ladrões, em versões adaptadas, é claro.
A herança da cultura árabe é rica em todos os sentidos. Aliás, por isso eu também teria algo contra  eles, rodei em Matemática na primeira série do Ginásio. Lembro que me fizeram ler O Homem que Calculava, de Malba Tahan. Outra vez os árabes.
A propósito, neste domingo exemplo, italianos – em especial as mulheres - foram às ruas, começou: “Berlusconi, pode esperar, a tua hora vai chegar!” Os árabes continuam a ensinar o mundo. 

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Maria Schneider




Em 4 de fevereiro de 2011, Renato Lemos Dalto, amigo e jornalista,escreveu:
Maria Schneider
Ela será sempre a referência de uma beleza rebelde, desafiadora das convenções estéticas e morais. O
cabelo desgrenhado, o olhar perdido, o doce sotaque
francês, aquele tango e aquele non sense da vida. Dizia
que Marlon Brando era um “anjo gelado”, mas com ele
protagonizou alguns momentos que glorificam o cinema e a
vida em “O Ultimo Tango em Paris”, obra-prima de
Bertolucci.
       Depois dela, nossas musas deixaram de lado a estética publicitária e valeram mais pelo sentido outsider que imprimiam a si mesmas. Foi o doce anjo feminino de nossos anos rebeldes, mas depois dela também nosso olhar para o feminino mudou muito. Ah, a tentadora beleza das almas perdidas...
       A vida se apagou ontem dos olhos negros de Maria Schneider. Tinha 58 anos, mas será sempre a menina de 19 anos na nossa lembrança, a personagem que amou um homem sem ao menos saber seu nome, a que enfim colheu amor em meio ao
desespero e à náusea existencial e iluminou com seu
olhar uma Paris cinza e sem graça. O estendido solo de um sax, as caminhadas, aquela dança no salão, os cabelos encaracolados dela estarão sempre na nossa lembrança e vivos no cinema. Pura poesia de uma mulher que vestiu a beleza com o mais sedutor sentido da melancolia.





Zé Weis, em 4 de fevereiro, à noite, respondeu:
Sinto até que alguma coisa de nós morreu com Maria Schneider. Talvez o encanto, a sedução por viver um amor ao vivo, incondicional. Algo desesperado e belo a um só tempo e lugar. Dois corpos entrelaçados de tesão e egoísmo. Quem perdeu o Último Tango dançou?

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

2012 TÁ CHEGANDO!





José Weis
Horror, tragédia ou catástrofe, difícil fica de definir tudo o que aconteceu na região serrana do Rio de Janeiro, na segunda semana do ano. Quase mil mortos, oficialmente, mas há estimativas bem acima disso. Cidades destruídas e as economias dos municípios totalmente comprometidas.
E tudo isso poderia ser evitado se houvesse previsão e atitudes. Na verdade, foi muito mais do mesmo. Outra vez são lamentadas expiadas tantas mortes e destruição, quando nada foi feito antes. Mais que a banalização da violência, vivemos tempos de banalização da morte. Nem mesmo mais de mil mortos, nem as piores nevascas dos últimos tempos no hemisfério norte, chegou a
nevar nos picos elevados da Austrália, em pleno verão no hemisfério sul. Até o fato da água do mar estar engolindo o litoral do Ceará, nada causa impacto, nem move e muito menos comove as chamadas autoridades. A natureza emite seus alarmas, parece que ninguém se importa com isso.
Para a mídia, duas imagens certamente farão parte das retrospectivas, ao do cãozinho que ficou famoso por engano, ao lado de uma cova recém coberta. E a da mulher sendo puxada por uma corda, ela deixa cair um cachorro na correnteza...  
Outro dia, numa matéria que eu fazia para o Diário de Canoas sobre o embarque de remédios, roupas e alimentos aos atingidos pelas chuvas no Rio de Janeiro. Era um avião Hércules, da FAB, o chefe da tripulação, tenente coronel Luis Cosme, relatava sobre o que vivenciou lá na região. Ele disse que muitos dos mortos talvez jamais sejam encontrados, seus corpos foram dilacerados nas enxurradas que carregavam e rolavam pedras, árvores e automóveis, “pareciam de papel”. E encerrou o papo com um alerta; “a natureza está batendo na porta. E 2012 já tá chegando”.